2.6.06

A Sexualidade de Jesus de Nazaré:
O filho do carpinteiro. I



Em um mundo extremamente masculino e masculinizado, como os anos dos primeiros séculos da era cristã, conceber que um homem, líder, com a expressividade e carisma de Jesus de Nazaré, o Jesus histórico, não se importasse com a sua proliferação na dimensão da reprodução, em um tempo onde o tamanho da prole demarcava a extensão do poder, e o grau de influência social do macho, nos parece ser uma questão que persistiria às mentes mais avançadas e questionadoras da época, a indiferença de Jesus, o filho do carpinteiro, a essa medida de valor. O que poderia parecer Jesus, a essas pessoas? Ele mesmo questionou os seus discípulos ao indagá-los sobre a sua significação: “Que dizem os homens ser o Filho do homem?” Uma alusão a si próprio. Por que será que tanto é dito sobre Ele ainda hoje? Sobre a sua masculinidade, em especial, subliminarmente, ao longo da história, que se precisou introduzir através das artes a possibilidade de um relacionamento hétero-erótico entre ele e Maria de Magdala? Por que será que sutilmente, nas páginas das Escrituras, a figura da mulher aparece, de vez em quando, como uma tentação, maldição? A mulher é quase sempre a pestilenta, a malvada, aquela que chega para afastar do caminho, matar, destruir planos divinos e seduzir o santo? Por que será que a figura da mulher é construída a partir de uma diabolização? A quem interessa esta estigmatização? Por que esses agravos ao gênero feminino não respeita código algum, enveredando pelos caminhos mais polêmicos rumo à junção da fé, abnegação e sexualização do sagrado, aqui personificado em um dos nomes mais importantes da história da humanidade ou no nome mais importante, a depender do referencial de cada um? Será que houve necessidade de destacar a santidade de Jesus, a partir de sua antítese, o mal? Nesse particular, a figura da mulher, representada em Maria Madalena, fora de fato a imagem do demônio? Seria preciso isto? E por quê? A quem interessa este discurso? Desse modo, continuamos a perguntar, como Ele perguntou: “Que dizem os homens ser o filho do homem”?




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