15.6.06

Medo: você tem medo do medo?

Leia esta reflexão e aprenda a debelar o seu medo
Em 1933, Franklin D. Roosevelt tornou-se presidente dos Estados Unidos. No discurso de posse, desafiando a nação a empreender conquistas ousadas, ele pronunciou uma frase que se tornou famosa: “A única coisa que devemos temer é o próprio medo.”

“Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.” Salmo 23:4

O medo com que continuamente vivemos é, quase sempre, o de perder o que temos. E as mais variadas formas através das quais esse medo se manifesta nascem de uma crença profunda que nos faz sentir donos daquilo que possuímos. Do mundo que nos foi dado para nele vivermos felizes, mas não para explorá-lo de acordo com os nossos desejos, apenas, mas sob a orientação divina principalmente. Esquecemo-nos de que aquilo que, de fato, precisamos já se encontra em nós e ninguém no-lo pode tirar. Jesus disse: “Tudo é vosso.” Disse também: “O reino de Deus está dentro de vós.”.

Por medo de que algo de mal nos aconteça, tendemos a proteger-nos dos outros e de nós mesmos. Bloqueamos, assim, o fluir da vida. E limitamo-nos a sobreviver.

TRÊS ASPECTOS DO MEDO:

1. "O medo é paralisante." No Novo Testamento, Jesus conta a história de um criado que deixou de aplicar os seus talentos que recebeu por medo do fracasso. Ele disse ao patrão: “Eu sabia que o senhor é um homem severo, que colhe onde não plantou e junta onde não semeou. Por isso, tive medo, saí e escondi o seu talento no chão.” Mat. 25:24-25.

2. "O medo é contagioso." No Velho Testamento, a lei mosaica estabelecia que, em caso de guerra, os covardes deixariam a batalha. “Por fim os oficiais acrescentarão: “Alguém está com medo e não tem coragem? Volte ele para sua casa, para que os seus irmãos israelitas também não fiquem desanimados” Dt. 20:8 Um indivíduo apavorado é capaz de levar ao descontrole todo um batalhão, causando graves prejuízos. O convívio com pessoas pessimistas pode levar-nos a aceitar seus argumentos e seguir seu exemplo.
(AGUIAR, 2004).

3. “O medo é desgastante." Ele nos faz dedicar a maior parte do tempo à vigilância e à auto-proteção, deixando pouca energia para desfrutarmos a vida ou empreendermos conquistas. O medo transforma-nos em indivíduos desconfiados, solitários, manipuladores e defensivos. Nossos relacionamentos são prejudicados; e nossa saúde comprometida. O medo é capaz de drenar toda a paz e tranqüilidade de uma pessoa. Ele nos faz ver e sentir coisa que não existem. Em suma, torna nossa existência miserável.” A palavra de Deus diz: “No amor não há medo.” 1ª João 4:18. (AGUIAR, 2004).

Em seu livro: 'Antes do Degelo’, Agustina Bessa-Luís, festejada escritora lusitana, diz:

O medo é o que impede que tudo o que chega às mãos dos homens não se torne em sua propriedade. Basta produzir uma impressão que não se pode explicar, inserindo no medo o desconforto da culpa. É assim que milhões de pessoas podem ser pastoreados nas ribeiras da paz por muito poucas. E nas trincheiras da guerra por outras tantas, senão as mesmas.

Considerações:
Meus amigos leitores, Eu pouco sabia sobre medo, dessa forma como Agustina coloca. O medo realmente é resultado de uma incapacidade nossa de poder estar acima do que nos provoca, tal como na relação explorado e explorador, sendo esta diferente e menos perceptível, por ser uma situação de um medo psicológico gradativo e contínuo, ao que pouco percebemos ou reconhecemos como medo.
O medo repentino e violento, ao qual não podemos reverter a situação no momento, estando além de nossas capacidades, é a denominação comum de medo. Não que esta forma de medo seja a pior. Acredito ainda que aquela forma prolongada, quieta, silenciosa, continue sendo a mais prejudicial e cruel de todas as formas de medo. O medo está para o passado como a ansiedade está para o futuro. Em nenhuma das duas situações a pessoa consegue viver harmonicamente o seu ser presente. Há sempre evidente uma tensão/um fracionamento, uma ausência de plenitude e de equilíbrio. A pessoa que vive presa ao medo é infeliz.

O medo, às vezes é para o medroso um binóculo que ele usa como uma lente de aumento do perigo. Aumento às vezes exagerado. Por exemplo:

1. um morcego que passe voando por sua cabeça pode significar um vampiro.
2. um terremoto: o fim do mundo.
3. uma chuva mais forte: um dilúvio.
4. uma barata: todo o sentimento de asco, de falta de higiene, de degradação que exista no mundo.
5. a chamada do chefe ao seu gabinete: pode ser para o medroso, a sua demissão com certeza.
6. o telefone que toca, uma desgraça a ser anunciada.
7. a morte de um ente querido, a sua solidão eterna.
8. a perda de um amor ou uma relação amorosa terminada pode significar o fim de sua vida, e a sua infelicidade sentimental para sempre, sem chance alguma de um novo amor! Até, às vezes, melhor. Por causa do medo que impede a pessoa de se atirar em outros braços.

“Por tudo isso, fica claro que o medo é um adversário que precisamos levar a sério”. Preocupações e ansiedades constantes podem prejudicar substancialmente o corpo e a mente, roubando oportunidades e arrasando vidas. O medo é a causa secreta da maioria dos nossos fracassos, a mola que nos impulsiona na direção do desastre. Se quisermos ser felizes, teremos de enfrentar e derrotar esse poderoso inimigo.

Contudo, será que o medo pode ser debelado do coração humano?
Tanto o medo repentino que assalta o ser humano, ou aquele que está há muito tempo convivendo dentro de alguns, aprisionando-os, por alguma razão, merecem a seguinte indagação:

Como eu posso me libertar do medo? O que a Palavra de Deus ensina? Será que a palavra de Deus tem resposta?

Salmo 23: O vale da sombra da morte.

E volvendo o Salmo 23, objeto primeiro do nosso estudo pastoral, belíssimo e profundo Salmo, pérola da literatura judaica, e cristã, por que não? Que extraímos a resposta. Nele, aprendemos que:
A morte tem sombra. E a sua sombra pode amedrontar e apavorar mente e coração daqueles que não confiam em Deus. Esta sombra, aqui, metafórica, pode significar muitas das batalhas que você trava diariamente em seu coração e eu travo no meu; como uma ameaça intermitente a nossa segurança.

Os pastores na palestina antiga sabiam que um dia poderiam vir a andar “pelo vale da sombra da morte”, cruzando-o, com a finalidade de encontrar pastos melhores para o seu rebanho. Essa possibilidade de que algum dia isso viesse acontecer, é bem assinalada no texto lido, com as expressões: “Ainda que,” e “andasse”, pretérito imperfeito do subjuntivo, demarcando um tempo hipotético, que acontece no espaço memória. Oscilando entre o ontem e o amanhã, ao mesmo tempo. Isso não invalida a certeza de quem é Deus, para o salmista, como colocada no verso 1:”O Senhor é o meu pastor...” Para no verso 4 dizer:” ainda que...” Fiquei intrigado, e decidi fazer uma análise sintática desse texto, para ver se havia um paradoxo ai. Mas não achei nenhum. A confiança do salmista em Deus permanece do início ao fim a mesma. Ele usa o ainda que, conjunção Concessiva: para realçar, que mesmo que venha a andar pelo vale da sombra da morte, ele não irá temer mal algum. Trata-se de duas orações: a principal é: “ Não temerei mal algum”, isso já está determinado no coração dele. A oração dependente, portanto é:” Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte.” O que equivale a dizer que poderia andar pelo vale da sombra da morte, mas não iria temer mal algum.

Podemos entender que: O salmista encontra-se tão seguro que está sob a proteção divina, que se permite fazer uma concessão e pensar que caso, mesmo que, ou se numa eventualidade seja levado ao vale, ele já sabe que não temerá mal algum. Portanto, a certeza do salmista deve ser um ânimo para todos aqueles que estão vivendo com algum tipo de medo em seu coração. Decida agora no seu coração não temer mal algum, porque o Senhor está com você. Seja o que for!

O que leva o salmista a depositar a sua confiança em Deus desta forma tão intensa? Duas coisas:

1ª. O imaginar a própria presença de Deus. “Tu estás comigo.” Como é importante ter essa certeza. 2ª. A vara e o cajado” do Senhor. “A Tua vara e o teu cajado me consolam.” Esses dois instrumentos divinos trazem segurança ao salmista e lança fora o medo que pudesse dominar o seu coração. Do mesmo modo, trazem conforto espiritual, quando ele diz:”...me consolam.” O medo pode significar o total desconhecimento de Deus: Quem Ele é verdadeiramente e o que ele pode fazer por cada um de nós.

Vara e cajado são instrumentos ainda usados pelos pastores orientais; a vara é uma espécie de bastão usado para enxotar animais ferozes, e o cajado é um pau, tendo um gancho numa das extremidades, usado para guiar as ovelhas. Ambos trazem segurança, pela ação de nosso Deus que não se esquece de seus filhos. Deus pode usar a sua vara para enxotar tudo que ameace a segurança daquele que já entregou a sua vida a Ele. Aquele que faz parte do seu rebanho. Mas pode também usar o seu cajado para pastorear quando necessário, dando boas e necessárias cajadadas em ovelhas teimosas. Aquelas que insistem em se desviar do rebanho e se exporem ao perigo dos lobos devoradores. Em ambos os casos, prefiguram sempre o amor de Deus e o seu cuidado que nos trazem segurança...
Renato Calazans,

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